Economista alerta evangélicos que reeleição de
Dilma ameaça a democracia
Rodrigo
Constantino lembra que o PT sustenta a bandeira do relativismo moral, que serve
para "defender o que há de mais podre mundo afora".
por Thiago
Cortês
·
Em entrevista
ao Gospel Prime, o economista e pensador liberal Rodrigo
Constantino declara que a reeleição de Dilma Rousseff representaria
um “risco para a democracia” e a “continuação da decadência de valores”
promovida pelo atual governo.
Presidente
do Instituto
Liberal, Rodrigo Constantino atua no setor financeiro
desde 1997 e é colunista de importantes meios de comunicação como a revista
Veja e o jornal carioca O Globo. Ele é conhecido por suas críticas ácidas ao PT
e à esquerda em geral.
Autor do
livro “Esquerda
Caviar”, Constantino afirma que os cristãos que votam em partidos de esquerda o
fazem por “desconhecimento histórico”. O escritor liberal lembrou que a
esquerda sustenta o relativismo moral que “serve apenas para defender o que há
de mais podre mundo afora, inclusive regimes que matam cristãos”.
Você
poderia traduzir, para o público evangélico, que tipo de ameaça representaria
mais um mandato petista?
O modelo
autoritário bolivariano, de forma bastante sucinta. Ou seja, cada vez mais
asfixia às liberdades individuais e mais controle estatal sobre nossas vidas,
sobre a imprensa, a liberdade de expressão. Do ponto de vista político,
portanto, estamos falando de um risco para a própria sobrevivência da
democracia. Já do ponto de vista cultural e moral, a continuação da atual
decadência de valores fomentada pelo próprio governo, que se coloca como
“progressista” e combate, no fundo, importantes pilares de nossa civilização,
como certas tradições que respeitam a família como núcleo da sociedade.
Quais
seriam as outras conseqüências?
A ditadura
“velada” do politicamente correto teria continuidade. A intolerância dos
“tolerantes” seguiria aumentando. Por fim, do ponto de vista da economia,
teríamos a insistência nos atuais equívocos, que já nos trouxeram a esse quadro
de estagflação (estagnação econômica com elevada inflação), culminando no
aumento do desemprego.
A
esquerda, historicamente, sempre perseguiu os cristãos. Mas hoje muitos
evangélicos e católicos votam em partidos de esquerda. O que explicaria este
fenômeno?
Talvez o
desconhecimento histórico. Nada mais bizarro do que ver comunistas como Luciana
Genro, do PSOL, monopolizando a causa das “minorias”, do movimento LGBT, quando
sabemos que seu ídolo Che Guevara perseguia gays e achava que era possível
“curá-los” em campos de trabalho forçado. Do mesmo jeito há cristãos que apoiam
socialistas, ignorando que estes sempre combateram o cristianismo, ainda que de
forma indireta, subvertendo-o, como no caso da Teologia da Libertação [que
inspirou a Teologia da Missão Integral], que fez um casamento forçado entre
Cristo e Marx, sendo que o último claramente prevaleceu.
Como
demonstrar de forma clara a contradição entre esquerda e cristianismo?
Basta os
cristãos se darem conta de que a esquerda, hoje, sustenta a bandeira do
relativismo cultural que, na prática, serve apenas para defender o que há de
mais podre mundo afora, inclusive aqueles [regimes] que matam cristãos. O duplo
padrão de julgamento moral da esquerda é hipócrita, seletivo, e sempre acaba
por condenar o homem branco ocidental e cristão.
Durante
a campanha, todos falam em democracia e tolerância. Quais são as armadilhas que
os cristãos devem evitar nesta eleição?
Devem estar
atentos para não confundir “democracia” com ditadura da maioria, ou pior, da
minoria organizada que fala em nome da maioria. Os movimentos das “minorias”
controlam boa parte da pauta dos debates, mas recebem poucos votos diretamente
associados a tal pauta. É um poder desproporcional que possuem. O teólogo
canadense D.A. Carson tem um ótimo livro que fala justamente dessa intolerância
dos que buscam monopolizar o discurso da tolerância, mas confundem um estado
laico com um antirreligioso. Hoje é proibido ter qualquer preconceito, menos se
for contra cristãos. Carson argumenta que a “nova” tolerância representa uma
forma peculiar de intolerância. Antes, tolerar era aceitar a existência de
pontos de vista diferentes, conviver com eles, ainda que os combatendo. Tolerar
era aceitar as diferenças, não abraçá-las como nobres em si.
É
perigoso ser politicamente incorreto no Brasil?
Hoje, se você
não endossa totalmente a cartilha dos politicamente corretos, você é um pária
da sociedade que merece, no mínimo, o ostracismo, quiçá punições severas.
Querem instituir o crime de opinião no Brasil. Bastará não achar lindo o
homossexualismo, por exemplo, para ser considerado um homofóbico criminoso. Que
tipo de tolerância às diferenças é essa?
Muitos
evangélicos têm uma percepção bastante negativa do termo liberalismo,
associando-o a libertinagem. O que é o liberalismo e como ele pode acomodar a
religião?
A confusão é
comum, e em parte culpa de muitos “liberais” novos, que realmente misturam as
coisas. Como dizia [o economista Ludwig von] Mises, liberalismo é sobre as
coisas desse mundo, não de outro mundo eventual após a morte. Logo, nesse
aspecto, ele deve ser laico, não interfere na religião. Isso não quer dizer que
um liberal não possa ter um código de valores morais que tenha sua origem em
crenças religiosas ou em tradições que sobreviveram ao teste do tempo. O
liberal será contra o uso da coerção estatal para impor suas preferências e
seus valores, mas não precisa, em hipótese alguma, ser um relativista moral,
alguém que suspende os critérios de julgamento em nome de um “vale tudo”
amoral.
Liberalismo não
é libertinagem. É totalmente possível ser um liberal e abominar a prostituição,
vista como algo degradante para a mulher, por exemplo. O liberal apenas não irá
defender sua proibição legal, por entender a importância do conceito até mesmo
cristão de livre-arbítrio. A mulher seria livre para “pecar”, nesse aspecto, e
o liberal com valores morais seria livre para condenar abertamente sua atitude
tida como imoral. Liberdade pressupõe conviver com críticas também, afinal. E é
isso que a esquerda autoritária quer abolir.
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