sábado, 22 de setembro de 2012

NIGÉRIA: MUÇULMANOS PERSEGUEM OS CRISTÃOS


Não existe diálogo com Boko Haram, diz pastor nigeriano

Ayo Oritsejafor, pastor e presidente nacional da Associação Cristã da Nigéria, declarou à imprensa local que não há possibilidade de negociação com extremistas do Islã enquanto o sangue de inocentes continuar a ser derramado. Declarada oficialmente como uma nação islâmica, desde o início desse ano, a Nigéria tem sido palco de uma série de ataques contra famílias cristãs que vivem no país.
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Na última quarta-feira (22.08), o presidente nacional da Associação Cristã da Nigéria (CAN, sigla em inglês), pastor Ayo Oritsejafor, afirmou que não há base de diálogo entre o Governo Federal e a temida seita Boko Haram e repreendeu o Ministro de Estado das Relações Exteriores, Mohammed Nurudeen, por categorizar a Nigéria como nação islâmica, de maioria cristã, no mundo.

O presidente da CAN falou com jornalistas em Akure, capital do Estado de Ondo, após reunião da associação do Conselho Executivo Nacional (NEC) e disse que a única condição de conversa é que Boko Haram pare imediatamente os ataques aos cristãos. O pastor defendeu ainda que seria errado que o governo tentasse qualquer negociação com os extremistas enquanto a morte de inocentes continuasse a acontecer.

Em suas declarações à imprensa, disse: “O diálogo faz parte da vida, não chegaremos a lugar algum sem conversarmos. A guerra não pode resolver o problema, por isso deve existir base para negociações pacíficas. Porém, estou um pouco confuso sobre o diálogo que está sendo discutido. Antes que possamos falar em diálogo, tem de haver regras. Pessoas estão morrendo todos os dias, como resultado dos ataques do Boko Haram; mas o governo federal está optando por diálogo somente, isso é muito intrigante para mim”, disse.

"Boko Haram nunca escondeu suas exigências para que a paz reine na Nigéria. Membros radicais intimaram o presidente cristão Goodluck Jonathan para que renunciasse ou aceitasse o Islã como sua religião. O grupo se baseia em um fundamentalismo religioso que não condiz com a Constituição da Nigéria. A questão não é que alguns são contra o diálogo, mas sim, se houver diálogo com os insurgentes, Boko Haram deve primeiro suspender suas ações de violência. Desde o início, todo o conceito está errado”, completou.

O presidente alertou, no entanto, que esforços devem ser feitos para que ataques do grupo contra a população cheguem ao fim. Para ele, uma vez que é evidente que os radicais acreditam e agem baseados em uma ideologia religiosa extrema, há a necessidade de uma mudança na orientação dos membros do grupo. Isso, segundo Oritsejafor, poderia ser feito por líderes árabes que estão pregando e ensinando em várias mesquitas em todo o norte do país.

“Há um problema causado pela ideologia de alguns pregadores que ensinam ideias contra a unidade do país. A situação poderia ser amenizada se líderes relevantes ligassem para os xeques e imames respeitados pelos membros do Boko Haram e lhes pedisse para falar aos extremistas sobre a importância da paz e do progresso da nação", argumentou.

Oritsejafor também sugeriu apoio militar, dizendo que as agências de segurança do país devem trocar informações sobre ameaças e sugeriu que a formação e treinamento dos profissionais para que estes possam combater os terroristas no país.

País islâmico de maioria cristã
Ao citar depoimentos dos membros da Organização dos Países Islâmicos pela Nigéria, Ayo Oritsejafor se mostrou preocupado com a afirmação do ministro que considerou a Nigéria como uma nação islâmica. Segundo o pastor, tal colocação não é correta.

Ele explicou que nunca houve um censo da população em que muçulmanos e cristãos fossem declarados no país. Oritsejafor expressou decepção com a afirmação, dizendo que o ministro deve explicar aos nigerianos a fonte de sua informação.

“Eu não estou falando contra os muçulmanos, mas esses extremistas estão difamando a religião muçulmana, então algo deve ser feito, devem ser estabelecidas condições antes de o governo dialogar com eles”, defendeu.

Atualizações sobre o caso
Segundo a agência de notícias AngolaPress, na mesma quarta-feira (22), governadores de 19 Estados do Norte da Nigéria instalaram uma Comissão de Reconciliação, Paz e Segurança, em Abuja, a fim de abrir o diálogo com grupos identificados como provocadores da violência na região, dentre os quais, o extremista Boko Haram. O relatório com os resultados da comissão ainda não foi divulgado.

FonteNigerian Tribune e Leadership
TraduçãoAna Luíza Vastag
Divulgação: Portas Abertas

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