Mauritânia
A Mauritânia continua sendo um dos
países mais fechados do mundo. Embora a situação no país não tenha mudado muito
ao longo de 2014, não foi noticiado, felizmente, nenhum ato de violência
relacionada com a fé contra os cristãos.
Apesar disso, a pontuação do país na
Classificação da Perseguição Religiosa continua alta, fazendo com que configure
em 48º lugar entre os 50 países em que ser cristão pode custar a vida.
O grande fator de perseguição na
Mauritânia é o extremismo islâmico, o que é agravado pelas leis de apostasia do
país. Essas leis são dirigidas contra as atividades de não-muçulmanos e suas
normas culturais que desestimulam fortemente as pessoas de se associar com os
não-muçulmanos. A Mauritânia é uma das quatro 'repúblicas islâmicas’ oficiais
no mundo, e sua constituição reconhece o islamismo como a única religião de
cerca de 3,5 milhões de habitantes do país e designa a Sharia (lei islâmica)
como a única fonte reconhecida oficialmente da legislação.
O evangelismo é visto como ofensa
criminal e há pena de morte para mauritanos que se convertem ao cristianismo. O
governo mauritano deve aprovar todas as reuniões de cristãos e as atividades
missionárias no país são restritas a projetos educacionais e de
desenvolvimento.
Além disso, a influência da al-Qaeda
no Maghreb (AQIM) na Mauritânia tem aumentado. O grupo está ganhando apoio
entre os mauritanos locais e também está tentando monitorar a atividade cristã
no país. Áreas do norte e leste da Mauritânia estão cada vez mais sob o
controle de grupos extremistas muçulmanos que são na sua maioria ligados à rede
al-Qaeda. Além disso, os salafistas têm uma influência crescente em suas
tentativas para aderir às regras da moralidade islâmica, observa Magharebia, um
portal de notícias patrocinado pelos Estados Unidos.
A Mauritânia não está presente no
noticiário e parece ter sido esquecida pela comunidade internacional. Quase
nenhuma atenção tem sido dada ao sofrimento de sua pequena Igreja local. Por
causa de duras restrições do governo, é muito difícil para as missões cristãs e
cristãos em geral atuarem no país. De acordo com o índice do Pew Fórum, as
restrições do governo mauritano são classificadas como alta, o que significa
que crenças e práticas religiosas são severamente restritas por leis nacionais
e ações políticas.
Enquanto grupos islâmicos extremistas
se fortalecem, o campo secular também está crescendo em influência e
articulação. Há também uma maior abertura a ideias e influências externas.
Muitas pessoas tem acesso à TV, livros e acessam os sites mais críticos. Filmes
e programas de entretenimento do Ocidente estão tendo uma influência profunda e
provocam muitos questionamentos sobre a tradição islâmica.
Além disso, em setembro de 2014, a
Mauritânia transferiu seu fim de semana para sábado e domingo, para estar mais
em sintonia com os seus parceiros de negócios europeus. Isso pode ser tomado
como uma confirmação da existência de forças ocidentais que influenciam o país.
Ao mesmo tempo, isso pode causar grandes tensões junto aos conservadores.
Violência contra cristãos
Nenhum incidente violento contra os cristãos foi registrado na Mauritânia durante o período do relatório desta pesquisa (de 1 de novembro de 2013 a 31 de outubro de 2014). Este não é um sinal da ausência de violência relacionada com a fé, no entanto, pelo contrário, deve ser vista como resultado da dificuldade de obter informações para fora do país. De acordo com os nossos relatórios este ano, não houve casos confirmados agressões contra cristãos, mas isso tem acontecido regularmente nos últimos anos. No entanto, a pressão sobre os crentes ainda está presente.
Não há muito tempo, vários casos de
perseguição violenta dos cristãos foram registrados no país. Em 2009, um
professor de um centro comunitário, gestor norte-americano na Mauritânia, Chris
Leggett, foi assassinado por extremistas islâmicos por supostamente difundir o
cristianismo. Havia outras alegações de uma jovem cristã convertida do
islamismo, que morreu em maio de 2010, depois de ter sido espancada pelo pai e
irmãos, porque se recusou a voltar para a fé muçulmana.
Perspectivas de futuro
Isolado do resto do mundo por conta de uma paisagem desértica e um governo opressivo, a Mauritânia ainda não provou qualquer experiência relacionada com a Primavera Árabe, que trouxe grandes mudanças sociais e políticas a países vizinhos.
No entanto, a perspectiva cada vez
mais de uma poderosa revolta salafista na Mauritânia está entre as mais graves
ameaças para os cristãos no país. A melhoria do acesso à Internet, e grupos
salafistas organizados em fóruns de mídia social, combinado com financiamento
fora das escolas e ONGs islâmicas, está levando a crescente radicalização da
comunidade muçulmana na Mauritânia, que tende a pressionar ainda mais a igreja
cristã.
Última atualização em 7/1/2015
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